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  • Foto do escritorGustavo Sérgio Heil

ATIVIDADE UNITIVA

Atualizado: 27 de fev. de 2021


Eis mais um dos maravilhosos preceitos éticos superiores presentes no adepto capaz de transbordar qualidades divinas de seu coração.



E essa virtude, a atividade unitiva, tem a força capaz de redirecionar toda e qualquer conduta em direção à Brahman. Quando se propõe que a atividade seja unitiva, estabelece-se o pano de fundo, a causa que motiva a ação, fixa-se um norte, um destino, não importa a rota a ser tomada, importa que o destino será Deus.


Percebam a grandeza, a magnitude desse princípio alquímico que se tem em mãos para viver de forma harmônica e sistêmica.


Há quem possa pensar que apenas determinadas ações poderiam ser consideradas verdadeiramente adequadas para o caminho da evolução espiritual a exemplo da oração, da meditação, da entoação de mantras, do cumprimento de disciplinas espirituais. Não há dúvida de que todas elas revelam o Divino.


Mas quando nos conscientizamos que o Divino habita em nós e em cada ser vivo existente em todo o Universo, toda e qualquer ação passa a ser considerada como um sacro ofício, sagrada. Uma mãe que cuida do seu filho, um homem do campo que cultiva uma planta, uma relação de amizade, qualquer atividade profissional por mais simples que seja aos olhos do homem comum, tudo está permeado de OM!


Lembro-me de uma história em que se falava acerca do dia a dia de um negociante indiano que era devoto de Ganesha, considerado o Deus da Sabedoria e da Fortuna para as tradições do hinduísmo e vedanta. Sempre que o negociante chegava ao seu estabelecimento comercial, a primeira coisa que ele fazia era orar para Ganesha. Nessa oração, o comerciante dedicava todas as suas ações a Ganesha. Assim, quando ele abria sua loja ele estava cheio de fervor. Seus olhos brilhavam, os clientes sentiam a energia do comerciante que não tinha como objetivo final vender sua mercadoria, mas sim dedicar suas ações a Deus. Ali o fluxo da energia da vida passava pela consciência do negociante e voltava para Deus. Nesse processo, o Eu Superior assume o controle. As pequenas mazelas do dia são percebidas como aprendizados. Não há oposição. Tudo está adequado. Só é preciso ajustar a frequência vibratória. Diminuir tensão, elevar consciência para nos recordar o que estamos fazendo aqui. Por que estamos vivos? Qual nosso objetivo ao final da jornada?


Quando se consegue perceber a obra por trás da ação, toda e qualquer conduta, por mais simples que seja, ganha uma projeção consideravelmente maior.

Para ilustrar esse ensinamento, é interessante recordar a estória de três homens que estavam trabalhando na construção de uma catedral. Todos eles trabalhavam com o assentamento de tijolos. Perguntaram ao primeiro homem o que ele estava a fazer, ao que respondeu: - estou assentando tijolos. O segundo homem conseguiu ir um pouco além. Quando indagado, respondeu: - estou erguendo uma parede. Mas somente o terceiro estava totalmente conectado com algo maior. Quando lhe foi perguntado o que estava fazendo, ele respondeu: Eu estou construindo uma catedral. Essa visão modifica completamente aquilo que se está a fazer, a falar, a pensar, a sentir.



É preciso aclarar o conceito de unitivo. Unidade significa que você não é pequeno e isolado, você é grande, imensurável, sem limites, porque você se integra o Universo.


A força do Um representa a ideia de que todos nascem de uma única Fonte, participando de uma única vida. Somos atraídos pelo magnetismo divino, tal qual um imã atrai um metal. Inevitavelmente, faremos o caminho da comunhão com essa Fonte Suprema. Estamos separados em consciência apenas para trilharmos o caminho do despertar. Aliás, esse era o motivo pelo qual Giovanni de Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis, chamava a todos como irmãos, até mesmo os astros e animais (irmão Sol, irmão Lua, irmão lobo etc).



Outro dia tive a alegria de assistir um pequeno conto do Professor e amigo Rubens Turci. Ele contou a estória de um diálogo ocorrido entre um Mestre e um discípulo. O discípulo perguntou ao Mestre qual era a melhor maneira de conviver com os outros. Ao que o Mestre respondeu: - que outros!


Se tudo está conectado, se tudo é um, a ideia de dedicar-se a Deus abarca tudo. Quando você se autoaperfeiçoa, é para Deus; quando ajuda o outro, ajuda toda a Manifestação Cósmica. E essa ajuda se dá quando se está presente naquilo que se está fazendo. Presente com a consciência no aqui e no agora, presente porque se acessa a Presença Divina existente em nós.


É aí que ganha força o excelso ensinamento extraído da Srimad Bhagavad Gita (Cap. 24,14), recordado pelo mestre Sri Janárdana, de que "yoga é maestria sobre todas as ações". Deve-se agir, com fervor puro (sátwico), propondo-se fazer o seu melhor. Esse agir quando dedicado ao Divino, suplanta as dualidades dos desejos e aversões. É daqui que nasce o conceito de ação impessoal, praticada com discernimento e Amor Divino. Esta é a atividade unitiva, aquela que fortalece a força do Um, a força do OM!

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