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  • Foto do escritorGustavo Sérgio Heil

PERDÃO



Sri Krishna, num dos trechos de sua fala no belíssimo diálogo realizado com Arjuna - donde surgiu a Sri Bhagavad Gita - diz: “ Eu sou a Convergência Conclusiva de toda Multiplicidade; a Origem de todo Futuro; a Glória; Sri (Mãe) entre as Mulheres; Eu sou o Som Primordial, a Memória, a Intuição, a Energia da Síntese e o Perdão(capítulo II, verso 14).

Gostaria de abordar o tema perdão em três pontos: 1) àquele que perdoa o ofensor, 2) a pessoa que pede o perdão ao ofendido; e 3) o que perdoa a si mesmo (autoperdão).


AQUELE QUE PERDOA O OFENSOR


O aspirante que perdoa aprende a viver em estado de Unidade. Escolhe o caminho de viver pacificado. Quem perdoa é um pacificador. Quem perdoa abre uma grande janela em sua morada, permitindo que o sol ilumine seus aposentos. Assim como o sol aquece a todos sem distinção, o amor vindo de nossos corações é uno, não permitindo exclusões. Como disse Chico Xavier: “perdoe cada pessoa que tirou vantagem de sua bondade e confundiu isso com fraqueza”. Em outra frase, por conhecer as leis espirituais, esse grande Ser afirmou preferir ser o ofendido ao agressor.



Permita-me rememorar uma lição extraída do livro intitulado “O Pequeno Príncipe”. Todos os dias o Pequeno Príncipe conferia as terras de seu pequeno reino para ver se ali não nasceria alguma semente de pé de Baobá. Ele sabia do potencial destrutivo dessa semente e que, se não capinasse a terra e eliminasse o baobá ainda pequeno, correria o risco de que seu planeta B612 rachasse com as raízes de uma agigantada árvore.


Da mesma forma, aquele que está atento a seus pensamentos e emoções, não deve permitir que germinem as ervas daninhas da mágoa, do rancor ou de qualquer espécie de separatividade. E se o indivíduo percebe ainda que, tardiamente, que uma dessas vicissitudes assombra sua consciência, deve imediatamente arrancar o mal pela raiz.


É sempre maravilhoso atentar-se para os ensinamentos de Mabel Collins. Diz ela: “Procura em teu coração a raiz do mal e arranca-a. Esta raiz vive no coração do discípulo fervoroso, tanto quanto no do homem de desejos. Somente o forte pode destruí-la. O fraco tem que esperar o seu crescimento, sua frutificação e sua morte”.

Sejamos fortes, portanto. Lembremo-nos das palavras de nosso amado instrutor Sérgio Fonseca Baptista Barretto: “‘É preciso um esforço heroico e constante. ‘Os santos eram homens comuns – apenas mais teimosos e persistentes’” (Mergulho na Luz do Coração). Sejamos, pois, persistentes na prática do bem.


Perceba que o julgamento implacável de seu semelhante não proporciona um solo fértil para que ele enxergue o caminho da reta conduta. Melhor é o amor reconciliador que ensina o outro, estende a mão, permitindo ao próximo sair, muitas vezes, de uma areia movediça. Seja a tocha que acende a luz do coração de todos os seres que tiveres a honra de conhecer.


Quando se perdoa não se está a concordar com a conduta desafinada do teu pretenso agressor. Mas você escolhe usar a lente da compaixão para compreender que cada ser humano se encontra em um degrau evolutivo da escada infinita do progresso espiritual. Usando de uma metáfora: não podemos exigir de quem está iniciando os estudos básicos do ensino fundamental que tenha discernimento para resolver problemas afetos a um conhecimento universitário.


Convém destacar os ensinamentos do Mestre Jesus quando relatou a parábola do filho pródigo. O pai recepcionou com uma grande festa o filho que havia se desviado do caminho. O filho que havia permanecido no lar, ajudando em todos os afazeres, sentiu-se injustiçado e questionou o pai, o qual, por sua vez, respondeu: “Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu; entretanto cumpria regozijarmo-nos e alegrarmo-nos, porque este teu irmão era morto e reviveu, estava perdido e se achou” (Lucas 15:11-32).


A PESSOA QUE PEDE O PERDÃO AO OFENDIDO


Sabe-se que o homem desperto caminha buscando fazer o bem a todos os seres, não causando danos a ninguém. Todavia, caso isso ocorra, o perdão é a ferramenta da reconciliação. Quando? O mais rápido possível. Como? Pedindo perdão à pessoa atingida e reparando o dano causado.


A pessoa que aprendeu a pedir o perdão compreendeu a caminhar na trajetória da magnificência espiritual. A cada desencontro ou desentendimento ela prontamente busca a resolução, não deixando que o tempo enferruje os sentimentos de benevolência.


É importante recordar um ensinamento do querido irmão Jorge Brandt. Ele dá um significado sublimar para a palavra “irmão”. Quando duas crianças estão em conflito na escola, a professora pede às crianças que deem as mãos, ou seja, “ir mãos”, as mãos juntas novamente conseguem ver o bem dentro de cada um deles. Quando se abraçam, unem corações. Após essa simples e profunda experiência, aprendem o sentido da reconciliação. Essa é a verdadeira fraternidade!




O QUE PERDOA A SI MESMO (AUTOPERDÃO)


Há, por último, um ponto relevante sobre este tema tão iluminado. É preciso aprender a perdoar-se. Quem não se perdoa, culpa-se. Quem se culpa, acha que precisa carregar um fardo para restabelecer a ordem, não merecendo a felicidade. Torna-se o inquisitor, o julgador e o carrasco de sua vida. O único propósito de sentir a culpa é para que o ofensor vença o mal em si, restabeleça a harmonia em seu entorno e retome ao crescimento material e espiritual.


Francisco Cândido Xavier, certa vez, afirmou: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.


A vida é feita de acertos e desacertos. Deve-se aprender com ambos. Se errar, deve-se ter absoluto cuidado para da próxima vez não cometer o mesmo engano. O restabelecimento da ordem não advém necessariamente pela necessidade de passar pelo sofrimento, mas da compreensão plena do amor como a Lei Maior (dharma) regente no Universo. Somente no mundo de Maya – das ilusões – pode-se imaginar viver separados. O perdão é uma das chaves que transmuta a percepção, permitindo que se veja a Realidade, tira a pessoa do passado, trazendo-a para o presente. E quem está inteiramente conectado com o presente, recomeça e tenta outra vez.


Finalmente, gostaria de encerrar essa reflexão com uma oração meditativa ensinada na Laya Yoga, chamada Reconciliação Total, Cura Total:


“Eu me reconcilio com todos os seres viventes do Céu e da Terra! Todos os males que contra mim foram feitos pelos meus semelhantes, em todas as minhas vidas passadas e na presente, pelos pensamentos, palavras e atos, estão agora apagados de minha mente e de meu coração, uma vez que eu amo todos os seres e coisas: minerais, vegetais, animais, seres humanos, anjos e as almas ainda mais elevadas. Eu estou em harmonia com o infinito, com todas as leis divinas, mentais e espirituais. Da mesma forma e conforme as leis superiores, eu rogo para que todos os males que eu provoquei, pelos pensamentos, palavras e atos, em minhas vidas anteriores e na presente, também sejam apagados do meu karma (destino), afastando todas as enfermidades físicas e mentais”.


Gratidão a todos! Permaneçamos conectados na força do Um, na Força do Om!


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