*Gustavo Sérgio Heil
Humildade é uma característica divina, é uma qualidade do Espírito, do Átman, daquele que reconhece o governante interno, o dirigente iluminado dentro de si. A humildade é uma das marcas de quem ultrapassou a fronteira do egoísmo, ingressando no mundo do altruísmo, da compaixão, do serviço impessoal.
O indivíduo que vive a manifestação de maya, da ilusão, acredita estar separado de todos. Tudo o que não reconhece como ele próprio, ou seja, os demais seres existem para lhe servir ou favorecer. Arroga-se como detentor de tudo que lhe seja possível ter.
Daí a arrogância, o estado de se insuflar, de se ensimesmar-se. E assim, separa-se do todo. E como se separou da Fonte Criadora, não consegue mais produzir energia. Passa a procurar fora de si esse poder, procura no mundo do ter, nas relações, enfim, naquilo que negou por puro deslumbre, por apego aos frutos das ações. O ser humilde tem as coisas sem, contudo, possuí-las. O ter não lhe tem.
E quanto mais vive desse jeito corrompido, mais fica fragmentado, sem ânimo e em conflito. É incapaz de ver a beleza pura, incondicionada. Geralmente, seus olhos repousam no defeito do próximo. Julga, classifica o outro de acordo com a suas necessidades ou conforme o grau de utilidade.
Por outro lado, o ser que se humildou encontrou a Verdade, integrando-se a Fonte da Vida. A palavra humilde, vem de húmus, de que somos filhos da Terra, portanto, filhos de Deus.
É uma qualidade presente tanto naquele que ensina como naquele aprende. Sem esse estado de disponibilização para o crescimento, sem o húmus, a semente não germina.
O ser de elevado entendimento não necessita sentir-se superior. Essa ideia seria contraditória, pois como reconhece a Centelha Divina em cada um, não seria coerente dar um valor distinto aos seres vivos. Todos têm o mesmo grau de importância, o peixe no mar, a roseira no jardim, o beija-flor, o homem, o anjo.
E vivendo assim, a pessoa acessa o maior de todos os tesouros, que é a percepção da Unidade. A visão da indivisibilidade da vida!
Ser humilde não significa fraqueza ou submissão, a humildade traz consigo a sabedoria e o amor capazes de dar asas para experienciar a vida com suavidade e alegria.
O homem humilde encontra a paz no reino de Deus, no santuário do seu coração, no Sanctum Santorum. Ele adquiriu a habilidade de ouvir a Voz do Silêncio. E pouco a pouco recupera a crença na Unidade. Redescobre sua real identidade. E tudo que semeia nasce, porque a semente utilizada é a semente do amor, do bem querer, do aperfeiçoamento contínuo e eterno.
A todos que quiserem identificar um ser desperto, percebam se nele exala a fragrância da humildade, o perfume dos seres dispostos a percorrer o caminho da equanimidade, de se doar ao Divino e com ele Ser Um, e com ele Ser OM!